Existem muitos métodos de leituras científicos da Bíblia. Normalmente, quando abrimos um texto e o lemos, estamos fazendo uma exegese, do nosso jeito. E nesse processo colocamos juntos todos os métodos que conhecemos: tentamos descobrir o que o autor quis transmitir, qual era a cultura da época, que palavras são mais importantes, qual é a mensagem para nós, etc.
Os exegetas, gente que se dedica ao estudo científico da Bíblia, oferecendo conclusões preciosas para a interpretação na igreja da Palavra de Deus, são especialistas de métodos particulares. Um desses métodos é a análise semântica, normalmente colocada junto com a sintática e a pragmática. Alguns falam de três momentos da análise bíblica, sempre debruçada sobre o texto. Brevemente poderíamos assim descrevê-las:
Análise sintática: procura entender os sinais textuais, como são feitas as frases, as formas da narração, o uso das palavras, a estrutura do texto. Busca-se entender a relação de uma frase com a outra, como uma palavra e usada, procurando daí entender o significado geral do texto
Análise semântica: é um passo que vai além do texto em si, onde se procura entender o conteúdo que é subentendido no interior do texto graças à relação com a realide externa a que se refere. Busca-se esclarecer o significado e o sentido das expressões linguísticas do texto indagando no contexto do autor.
Análise pragmática: indaga sobre a influência exercitada pelo texto em quem o lê. Quando um leitor se depara com uma passagem bíblica, que consequência essa passagem tem sobre ele? Se supõe que o autor queira, em qualquer maneira, influenciar o leitor. Faz isso graças a recursos do texto que levam o leitor a se identificar, por exemplo, com certos personagens ou acontecimentos.
Em síntese, esses três momentos são olhares específicos e complementares sobre o mesmo objeto, o texto: sintáctica entende a análise dos signos em relação aos outros signos, a semântica em relação aos significados e a pragmática em relação ao uso que o autor lhe confere diante do leitor.
Semântica em Isaías 1,18-20
Assim diz o texto de Isaías:
Ainda que seus pecados sejam vermelhos como púrpura, ficarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como escarlate, ficarão como a lã. Se vocês estiverem dispostos a obedecer, comerão os frutos da terra; mas, se vocês recusam e se revoltam, serão devorados pela espada. Assim fala a boca de Javé.
O contexto supõe um processo que Deus faz a seu povo, talvez mais exatamente contra os sacerdotes, dito "chefe de Sodoma", mas também contra todo o povo (de "Gomorra") - versículo 10. Deus acusa a hipocresia do culto e o profeta luta contra o ritualismo ao qual não corresponde um sentimento interior (tema retomado em Isaías 19,13-14; veja também em Amós 5,21-27). Esse culto vazio deve ser substituído por um comportamento reto: "buscai o direito, corrigi o opressor! Fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva!" (Isaías 1,17).
O juízo e o perdão são ambos obras divinas. Graças ao comportamento aconselhado pelo profeta, Deus põe fim ao pecado do homem, restabelecendo-o em sua dignidade de filho de Deus ("comendo os frutos da terra"). A condição exigida por Deus é a confissão e o arrependimento, junto com a mudança interior.