Essa passagem se relaciona com a história da paixão de Jesus. Logo após a última ceia, Jesus com os apóstolos se retira em um jardim, dito jardim das oliveiras, no Getsêmani, e ali, conta o Evangelho de Lucas: “Entrando em agonia, Jesus orava com mais insistência. Seu suor tornou-se como gotas de sangue que caíam no chão” (Lc 22,44). Trata-se do momento em que Jesus pede ao Pai que afaste dele o cálice que estava para tomar, isto é, o sofrimento pelo qual passaria, mas pedindo ao mesmo tempo que seja feita a vontade do Pai e não a própria.
Tecnicamente, a medicina testemunha um fenômeno bastante raro, mas que existe. Trata-se de uma doença chamada hematidrose, que ocorre quando fatores emocionais provocam o rompimento de veias capilares e o sangue se mistura ao suor. Alguns médicos dizem que esse fenômeno é associado à situação de medo extremo ou estresse muito grande, seja em uma situação de morte ou de sofrimento eminente.
Não sabemos exatamente se isso aconteceu com Jesus. Entre os evangelistas, apenas Lucas conta esse evento. Não temos elementos para excluir tal hipótese. Ao mesmo tempo, podemos muito bem ler o texto como uma nota enfática, que sublinha o momento de forte tensão vivido por Jesus, diante da paixão eminente. Lucas quer ressaltar o lado humano de Jesus, que sofre intensamente por uma situação que não é aquela ideal, marcada pelo ódio e desejo de eliminar o inimigo. Ao mesmo tempo, o evangelista sublinha a extrema fé de Cristo, que se entrega à vontade do Pai e se deixa consolar pelo anjo.